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domingo, 31 de maio de 2009

Disfonia

s utilizadores profissionais da voz, como todos os falantes, estão sujeitos a sobrecargas ambientais, pessoais e sociais. Encontram-se diariamente expostos não só a poluições atmosféricas, que resultam emproblemas respiratórios e numa vasta gama de alergias, como também a problemas pessoais, sociais, económicos, entre vários. Todos estes condicionalismos tornam os profissionais potenciais “stressados”. O “stress” é causa de insónias, tensões musculares, respiração toráxico-superior, rigidez mandibular, e consequentemente irritabilidade, insegurança e baixa auto-estima. Estas perturbações influenciam de forma vital o profissional da voz, já que uma vez perdido o equilíbrio existe perigo eminente de distúrbios vocais. Estes distúrbios, asdisfonias (vulgo problemas vocais ou rouquidões), constituem o problema que mais afecta quem utiliza a voz profissionalmente. Mas o que são as disfonias? A disfonia é um distúrbio de comunicação caracterizado pela dificuldade na emissão vocal, apresentando um impedimento na produção natural da voz. Esse impedimento pode estar relacionado com a altura, a intensidade e/ou a qualidade da voz. Em função da causa, a disfonia no adulto e na criança pode levar à ausência total de voz (afonia), à rouquidão, a uma altura tonal demasiado grave ou aguda, a oscilações no som, etc. Pode ser ocasionada por uma disfunção orgânica, abuso vocal ou uso incorrecto da voz, inadaptação vocal, alterações psicoemocionais ou também por falta de higiene vocal, e é mais frequente em indivíduos que utilizam a voz diária e abundantemente de uma forma incorrecta. A disfonia classifica-se em 2 tipos: Disfonia Funcional e Disfonia Orgânica. Disfonia Funcional: alteração da voz resultante de abuso ou mau uso vocal; não apresenta qualquer causa física ou estrutural. Disfonia Orgânica: alteração da voz causada ou relacionada com algum tipo de condição laríngea ou com doença viral, genética ou hereditária. Para evitar estes problemas: A higiene vocal, que passa por uma tomada de consciência em relação a hábitos incorrectos relacionados com a saúde da voz, e pela alteração dos comportamentos que prejudiquem a fonação. O treino da Técnica Vocal, nomeadamente a frequência de aulas que permitam uma alteração de hábitos posturais, respiratórios e de colocação (entre outros), através da aprendizagem da utilização correcta de todo o aparelho fonador; indispensável para conseguir uma fonação agradável e plenamente saudável. As consultas ao otorrinolaringologista ou ao fonoaudiólogo, de rotina (principalmente para os profissionais da voz, chamados grupos de risco) ou assim que surgirem os primeiros sintomas de irritações ou de perturbações da fala (como rouquidão, fadiga vocal, dor ao fazer esforço ao nível da laringe, sensação de corpo estranho na garganta ou falta de ar), antes que seja “tarde demais” para conseguir tratar.
Disfonia espasmódica de adução, tremor
vocal e disfonia de tensão muscular: é
possível fazer o diagnóstico diferencial?
EDITORIAL
Talvez não haja época mais propícia para falarmos
sobre as disfonias que em tempos de Copa do Mundo,
quando os consultórios dos otorrinolaringologistas enchem-
se de pacientes afônicos e disfônicos com laringite
por abuso vocal. O diagnóstico destes casos não impõe
grandes dificuldades, bastando para tal uma boa anamnese
e exame físico.
Nesse editorial, iremos enfocar um assunto bem
mais desafiador na laringologia: o diagnóstico diferencial
da disfonia espamódica de adução, que inclui tremor vocal
e disfonia de tensão muscular. Apesar das diferentes etiologias,
os sintomas vocais podem ser muito semelhantes
nestes casos e o diagnóstico acaba sendo um tanto quanto
subjetivo, dependendo muito da experiência pessoal do
examinador.
A disfonia espasmódica de adução é um distúrbio
vocal caracterizado por espasmos dos músculos laríngeos
durante a fonação, produzindo voz quebrada, tensa,
forçada e estrangulada1,2. Essa doença, classificada como
distonia focal de origem central, de etiologia ainda desconhecida,
persiste como uma das disfonias mais difíceis
de serem tratadas3. Seus sintomas decorrem da contração
intermitente e involuntária dos músculos tireoaritenóideos
durante a fonação, o que resulta em pregas vocais tensas,
pressionadas uma contra a outra, e no aumento da
resistência glótica1,4. Inicia-se tipicamente em pacientes a
partir da terceira década de vida, sendo mais freqüente em
mulheres. A qualidade vocal geralmente piora em situações
de estresse e melhora com uso de sedativos como álcool
e benzodiazepínicos5. Pode causar um impacto negativo
na qualidade de vida do paciente e levar ao isolamento
social6.
O tremor vocal caracteriza-se pelo movimento rítmico
da laringe, que produz alterações rítmicas de pitch e
loudness durante a fonação. Estes movimentos laríngeos
são muitas vezes acompanhados de tremor da cabeça e
de extremidades7. O tremor pode estar presente apenas
durante a fonação ou aparecer no repouso. Apesar de ser
identificável durante a fala encadeada em alguns indivíduos,
é mais facilmente reconhecido durante a emissão
de vogal sustentada. Casos graves de tremor vocal podem
cursar com interrupções fonatórias similares àquelas da
disfonia espasmódica de adução8.
A disfonia de tensão é associada à tensão muscular
excessiva, tanto da musculatura intrínseca como extrínseca
da laringe, com hiperadução das pregas verdadeiras e/ou
falsas e mesmo constrição esfinctérica da laringe. Este
padrão hiperfuncional geralmente persiste em situações
fonatórias diversas7,8.
A diferenciação entre estas três entidades nem
sempre é fácil para o otorrinolaringologista uma vez que
seu principal recurso diagnóstico, o exame laringoscópico,
não evidencia alterações estruturais características em nenhum
dos casos. Para dificultar ainda mais o diagnóstico,
ocasionalmente, pode haver associação destas afecções.
Um paciente com disfonia espasmódica, por exemplo,
pode apresentar um quadro de tremor vocal ou disfonia
de tensão muscular associados8.
Como não há achados morfológicos evidentes ao
exame, muitos pacientes acabam não sendo diagnosticados
corretamente e são eventualmente considerados portadores
de distúrbios conversivos ou psiquiátricos por médicos
e familiares. Tratados como tal, muitas vezes evoluem por
anos sem melhora do quadro. As repercussões psicológicas
resultantes deste cenário podem ser catastróficas para o
convívio social do paciente.
Mesmo para laringologistas experientes, acostumados
com estas afecções, o diagnóstico pode ser difícil. O
diagnóstico incorreto pode conduzir a um tratamento mal
sucedido. Indicar injeção de toxina botulínica, tratamento
preconizado para disfonia espasmódica, para um paciente
com disfonia de tensão muscular, por exemplo, pode
resultar em um quadro grave de incompetência glótica,
com voz extremamente rouca e aspiração a alimentos e
saliva8.
Frente à dificuldade diagnóstica destas afecções,
diversos investigadores têm estudado métodos que avaliem
estes pacientes de modo mais objetivo. É neste contexto
que o exemplar deste mês traz o artigo original “Distonia
laríngea de adução: proposta e avaliação de protocolo de
nasofibrolaringoscopia”. Ainda necessitamos de outros
estudos que forneçam bases sólidas que nos permitam
realizar o diagnóstico diferencial das disfonias espasmódicas
com eficácia, mas todo estudo com este intuito, sem
dúvida, é muito bem vindo.
Rui Imamura *
Domingos H. Tsuji**
* Médico assistente doutor da Div. Clínica ORL
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo
**Professor Livre-docente pela Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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findinds in focal laryngeal dystonia (spastic dysphonia). Ann. Otol.
Rhinol. Laryngol.1985, 94: 591-4.
3. Isshiki N, Tsuji DH, Yamamoto Y, Iizuka Y. Midline lateralization
thyroplasty for adductor spasmodic dysphonia. Ann. Otol. Rhinol.
Laryngol 2000; 109:187-93.
4. Nash EA, Ludlow CL. Laryngeal muscle activity during speech breaks
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5. Sulica L. Contemporary management of spasmodic dysphonia. Curr
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6. Chan SW, Baxter M, Oates J, Yorston A. Long-Term results of Type
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7. Aronson AE, Brown JR, Litin EM, Pearson JS. Spastic dysphonia. II.
Comparison with essential (voice) tremor and other neurologic and
psychogenic dysphonias. J Speech Hear Disord. 1968 Aug;33(3):219-
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8. Barkmeier JM, Case JL. Differential diagnosis of adductor-type spasmodic
dysphonia, vocal tremor, and muscle tension dysphonia. Curr
Opin Otolaryngol Head Neck Surg. 2000 Jun;8(3):174-9.

Um comentário:

Anônimo disse...

Infelizmente essa sua informaçao postada está errada.
Sou fonoaudiologa e digo que disfonia é uma disfunçao da voz. que pode ser funcional ou organica.
Ela nao acontece apenas na puperdade. POde acontecer em qualquer idade inclusive na infancia.